PARA OS AMANTES DE VIAGENS: A Serra Gaúcha no inverno de 2013 ( parte 1)










Anotações de viagem: relíquias do Sul do Brasil

Mês de julho de 2013, Era do inverno no Brasil, nunca no norte de Minas, onde vivo, que não conhece o sabor das estações. As temperaturas mais frias por aqui são de 16 graus positivos. Fui em busca do frio da Serra Gaúcha, da experiência primeira de conhecer 0 graus e quem sabe , sonhava a viajante, conhecer o gelo.

Chovia muito quando a Van da empresa contratada nos buscou em Porto Alegre para a viagem até Gramado onde iríamos pousar. Enfrentei um temporal repleto de neblina. Fechei os olhos e relaxei no meio da tormenta, já começava a experimentar o prazer do frio causticante. O hotel era aconchegante e simples com poemas de Quintana escrito nas paredes: 

"Faça o que for necessário para ser feliz. Mas não se esqueça que a felicidade é um sentimento simples, você pode encontrá-la e deixá-la ir embora por não perceber sua simplicidade".

Um bom começo para reflexão. Sempre amei o poeta gaúcho!

O hotel ficava numa encruzilhada entre gramado e Canela e tinha um nome sugestivo: Hotel Via Serena. 

Fizemos vários passeios, porque há muitas atrações por lá.
Inicialmente visitamos os locais onde habitaram os primeiros colonos italianos e alemães . A casa centenária é linda, toda de madeira e habitada por uma senhora bem velhinha que recebeu nossa comitiva formada por pessoas de vários lugares do Brasil, principalmente de São Paulo.
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Uma queda d'água com um moinho foi a mais forte impressão neste dia: uma queda d'água suave e branca desenrolando como cachoeira movia a roda centenária. O frio castigava, em torno de 8 graus. Nada alarmante ainda. Neste dia conhecemos a vida dos primeiros colonos, suas privações iniciais, sua comida e bebida. Provei o chimarrão junto com outras tantas pessoas na mesma cuia. O sabor muito bom, e mais importante aquece o corpo e a alma. Trouxe comigo essa lembrança e as vezes faço em casa um pouco do mate! E bom lembrar das diversidades de um pais tão grande e discrepante como o nosso.

O passeio de  Maria Fumaça também foi marcante, em cada estação uma degustação de vinho ou de champanhe embalados por musicas regionais. Fui mergulhando na história de Bento Gonçalves, Garibaldi, Anita e Carlos Barbosa. Fui ao encontro da Alemanha e Itália incrustada em Gramado, Canela, nova Petrópolis ...


CANELA( harmoniosa e calma como uma igreja)

O Castelinho do Caracol - uma riqueza de Canela

Este castelo serviu de residência  para uma família abastada- os Franzen. É muito lindo e elaborado, perdido e preservado no meio da mata atlântica. Fui passeando pela casa decorada com muito esmero. Uma mesa enorme numa sala aconchegante, quartos caprichados com berços que um dia embalaram crianças, uma sala de brinquedos  e de costura, outra de armas e ferramentas. Tudo reunido numa casa só: a paz e a guerra, os bordados e as espada. O "Apfeistrudel", uma torta de maçã, um doce típico da Alemanha me aguardava, quentinho, saído do forno, preparado por experientes senhoras e que pode ser comido com coalhada ou sorvete. Preferi coalhada! Hummmm, que delicia! Fui saboreando devagar essa riqueza.

O parque do Caracol e sua explêndida cascata

Uma queda d'água majestosa de 131 metros, sublime como um  delicado véu de noiva, desenrolando  naquele vale profundo cercado de matas repletas de araucárias e rochas basálticas.

Há um elevador panorâmico que conduz a uma plataforma envidraçada a 27 metros de altura e trilhas para os mais aventureiros. Fui de elevador, pois não possuo mais a disposição dos jovens para aventuras mais arriscadas. Mas imaginei a beleza destas trilhas e desci a longa escada na imaginação para apreciar de perto o sons e a magia das águas.

Da plataforma foi possível observar as distâncias e a beleza do entorno. As lentes da câmara captaram a queda livre da cascata no fim de tudo como uma mortalha branca a desfalecer na água. Lindo!

Um passeio pelas ruas de Canela:

Fui conhecer a pequena cidade de Canela sem guia; geralmente os passeios de excursão são feitos de ônibus e o viajante só conhece a cidade de forma panorâmica.

Gosto de  andar pelas ruas, sentir os cheiros das coisas; pegar nas pedras, entrar nas igrejas. Gosto de viajar para estar só e fazer minhas escolhas.

Pegamos um táxi e pedi para me deixar no início da rua... e fui caminhando pela manhã amena, com sombras de inverno. Pelo caminho sombrinhas coloridas penduradas no ar, brinquedos e bonecos gigantes nas portas das lojas, flores nas calçadas, casas sem muro e até mesmo a carta testamento de Getúlio Vargas encontrei nesta rua que não tinha fim de beleza.

Cada encontro era um encanto, perto das casinhas dos colonos alemães vendia-se de tudo: comida e artesanato, enfeites de natal, flores e bordados. Até um vagão de um trem de ferro encontrei, caído na rua como  folha morta.

Por fim, encontrei o que ansiosamente buscava, a imensa Catedral de Pedra, em estilo neogótico. Soberana reinava no fim de tudo; jardins coloridos e cuidadosamente traçados harmonizavam com a delicadeza  das pedras que recobrem toda a igreja.

Entrei...no silêncio de Deus e vitrais coloridos me cegaram temporariamente. Por dentro, tudo muito simples, sem ostentação. Simples e lindo como deve ser uma igreja.

Visitei e rezei. É bom estar em lugares sagrados, carregados de símbolos, de história e sentimentos.

Uma réplica em cera  do papa João Paulo II se encontra na entrada e havia fotógrafos profissionais para registrar o encontro simbólico. Registrei.

A viajante descobre: Canela tem gosto de sonho, um lugar bom para viver, harmonioso e calmo como uma igreja.

galeria de fotos





O trem Maria Fumaça




Catedral Neogótica de Canela
Rua de Canela

interior da Catedral de Canela

Um passeio pela cidade de Canela

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O castelinho do Caracol

detalhes do castelinho- hoje um museu e casa de chá




O Apfeistrudel


O chimarrão: um delicioso chá

Na Casa centenária

Um passeio pelas raízes coloniais
Cascata do Caracol





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Professora de história, pós - graduada em história geral pela UFMG e em Novas Tecnologias na educação pela UNIMONTES.

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