Que podemos concluir das comemorações do 1º de maio no Brasil?

Enquanto milhares de pessoas no mundo inteiro, inclusive em vários países da América Latina saíram às ruas nas manifestações do dia internacional do trabalho para protestar, reivindicando melhorias salariais e das condições de trabalho, o Brasil festejava no estilo que a burguesia oligárquica gosta: festas e shows, no conhecido e popular: pão e circo, dando mostra do que significam as Centrais sindicais no Brasil - atreladas totalmente a máquina estatal, numa demonstração de fraqueza sem par diante dos horrores que ora vivenciamos Brasil afora- salários aviltantes, saúde e educação totalmente desmanteladas, corrupção na pauta do dia com a CPMI- Comissão Parlamentar Mista do Inquérito no Congresso Nacional para investigar as relações do bicheiro Carlinhos Cachoeira com políticos e empresários de diversos partidos, incluindo o PT.

Não esquecendo que o Novo código florestal aprovado por deputados retrocede as leis ambientais no Brasil, caso a presidenta não vete o Projeto da bancada ruralista em curso. Vamos trabalhar nas redes sociais para que a presidenta VETE.

Não havia nada para comemorar no Brasil, havia sim, mil razões para protestar, como fizeram vários países da América e Europa. Mas o Brasil , um dos países mais marcados pelas desigualdades sociais, onde as diferenças de renda são brutais e mais ou menos 20 milhões de pessoas ainda passam fome comemorou-se o Dia do trabalho ao estilo burguês, com festas e distribuição de brindes. Lamentável!

Para não dizer que tudo foi perdido, assisti solitária em minha casa uma reportagem na globo News , no Milênio, com o jornalista Washington Novaes, onde o mesmo expõe de forma clara o que é o país hoje- um país controlado pelos cartéis, pelos mercados compradores e financeiros- um país em que a desigualdade é aviltante e as diferenças de renda são gigantes.

Ele fez duras críticas a este modelo que ele chamou de "desenvolvimento a qualquer preço" e destacou que um dos fatores  fundamentais para o Brasil  avançar seria investir mais na base da formação dos brasileiros- A Educação básica.

O que temos presenciado é exatamente o contrário, o viés  governamental trabalha exatamente contra estes avanços, prova disto é a eficácia destes governos em descumprir as leis, e dentre eles a do Piso salarial Nacional  de valorização dos educadores e dos avanços na Educação básica. O que temos visto é  um retumbante retrocesso.

Por fim, destacar a fala de um grande companheiro, o Rômulo do NDG que deu o seguinte depoimento no blog do Euler e que espero que sirva de exemplo para todos nós:



Na noite de véspera do dia 1º de maio, dia do internacionalismo proletário, fui dormir com a imagem da cara gorda da Presidente Dilma, que em horário nobre habitava a tela do meu televisor. Ela afirmou taxativamente que a vida do povo brasileiro melhorou consideravelmente e agradecia a cada trabalhador e trabalhadora. Da sala, grito Dona Angela, minha querida mãe(ex presa politica do regime militar), que repousava em seu quarto:
_"Tá vendo mãe! Olha a demagogia da delatora. E os 11 presos políticos das obras de Jirau?"

Fritei um ovo e fui dormir com a cabeça doendo.

Acordei bem cedo, fui comprar pão e andando pelo Cu da Lagoinha (onde moro e famoso ponto de crack de BH), não consegui saudar os "ex-trabalhadores" que estavam deitados nas calçadas com os seus cachimbinhos e os olhos arregalados.

Chegando em casa, acessei a net e li uma nota do Ministério da Saúde que afirmava que chega a quase 2 milhões o número de usuários de Crack no Brasil, 1% da população.

Fui para o Marreta, celebrar o 1º de maio com os operários e camponeses.

Não tinha sorteio de carros e nem motos...mas era uma celebração vermelha, muito vermelha!

O inimigo ainda é o Estado Opressor. Reafirmamos nossa decisão de lutar implacavelmente pela felicidade da nossa classe.

Ao abolir as últimas leis de autodeterminação nacional, além das conquistas trabalhistas e democráticas, o Estado empurra para a ilegalidade as reivindicações mínimas dos trabalhadores e se opõe a tudo o que é nacional, principalmente o povo — tratado como bem semovente.

O próprio chão só é brasileiro quando o camponês resolve tomá-lo do latifundiário usurpador — para sua família e a de seus camaradas. E os operários só se sentem dignos e nacionais quando lutam, como os de Jirau e Belo Monte.

No dia 1º de maio, mais uma vez, levantamos a bandeira da Revolução e por mais difícil que possa parecer, por mais utópico que seja e mesmo que parte da classe não confia nela mesmo, nós confiamos na classe operária.

Como disse um camarada um dia desses, nós não sabemos e nem escolhemos como morrer, mas nós podemos escolher e saber como viver.

Um forte abraço!
Rômulo


Devemos lutar contra exploração do trabalho, a alienação do trabalho e da consciência humana, só assim poderemos avançar na luta pela emancipação humana.


Um abraço. Marly

8 comentários:

  1. João Paulo Ferreira de Assis disse...:

    De fato não temos nada a comemorar. Só lástimas. A última é o malsinado projeto de lei 3099/2012 que quer nos cassar mais um direito que nos é assegurado no Estatuto do Magistério.

    Por isso mesmo eu quero dar um aviso de utilidade pública a todos os colegas que já têm tempo de exercício e idade suficientes para solicitarem o benefício do afastamento da docência. AJAM O MAIS RÁPIDO POSSÍVEL, se possível por via judicial. TIVE INFORMAÇÕES FIDEDIGNAS DE QUE NENHUM PEDIDO DE AFASTAMENTO DA DOCÊNCIA FEITO DE JANEIRO ATÉ HOJE FOI DEFERIDO. A SEPLAG nem deferiu e nem indeferiu. Isto significa que eles estão deixando a gente na expectativa da publicação, e aí vem a nova lei e cancela tudo.

    Gente, colegas nossos, vejam o ditado: CAMARÃO QUE DORME A ONDA LEVA.

  1. João Paulo Ferreira de Assis disse...:

    Gente, vamos comentar aqui no blog da companheira de luta Marly Gribel.
    Leiam e comentem o alerta que eu fiz no comentário acima.

    Lembrem-se que a lei não pode retroagir para prejudicar ninguém, e que os que já preenchem os requisitos já devem solicitar o afastamento da docência.

  1. Prof.Ronney disse...:

    Prof João Paulo Ferreira de Assis, pode expicar por favor?
    Tenho 28 anos de estado e 52 anos!
    Explique direito, preciso entender!
    Obrigado Marly

    Atenciosamente
    Prof. Ronney

  1. Prof.Milton disse...:

    Boa Noite Professora Marly
    amo ler seus textos, são brilhantes, o sindicato precisa de pessoas como você, honestas , dignas!
    conte com meu apoio!
    Prof. Milton
    este blog é seu?
    http://www.dzai.com.br/httpwwwgribelblogspotcom/blog/wwwgribelmblogspotcom?pag=2

    abraços

  1. João Paulo Ferreira de Assis disse...:

    É simples. Na expectativa de que a nova lei será aprovada, a SEPLAG está deixando sem resposta os pedidos de afastamento da docência, com o fim de deixar os professores sem saber como estão os seus processos. Assim, muitos que creem que o seu processo será deferido poderão ser surpreendidos com a nova lei que revoga o afastamento. Não mencionei a fonte desta informação, por temer que a pessoa, que é funcionária de SRE pudesse ser perseguida. No dia que estive na SRE da minha região ela me disse claramente: - Não quero desanimar o senhor não, professor, mas nenhum pedido de afastamento da docência foi deferido e nem indeferido pela SEPLAG.

    Acho, sinceramente, Professor Ronney, que nós não devemos esperar nada da SEPLAG. Eu já decidi. VOU PARA A JUSTIÇA. Não aguento mais. Estou com apneia e não tenho condições de adquirir o CPAP. Sem ele não durmo direito. Acordo 400 vezes por noite. Isto me obriga a ir para a sala de aula cansado, produzindo menos do que sou capaz, e para não me sobrevir a sonolência vespertina, tenho que ficar os 50 minutos em pé, o que agrava o meu linfedema (inchaço das pernas). Minha tromboflebite voltou e minha perna direita está com uma grande mancha arroxeada.
    E o Estado quer que eu permaneça em sala de aula, com 25 anos de exercício e 53 anos de idade!

    Sem contar o caso da professora cujo afastamento foi publicado e já foi convocada pela SRE para voltar para a sala de aula. (Informação no blog da Beatriz Cerqueira).

  1. Marly Gribel disse...:

    Um abraço aos amigos que me escrevem e que me ajudam a responder aos colegas também, Com dois cargos no estado, é difícil atualizar o quadro de perguntas e respostas. Ao profº Milton, obrigado pelas palavras, que me incentivam a a persistir nas denúncias. Quanto ao blog do Dzai, é sim, fiz em 2010 , mas deixei lá esquecido. (rs) Um abraço!

  1. Joana/bh disse...:

    João Paulo Ferreira de Assis PELO Cristo professor, quer dizer que vou ficar se aposentar?????????????
    30 anos de magistério e 50 anos de idade!!!!!!!!!!!!!
    Sempalavras para seus textos prof. Marly, você e Euler são ímbativeis!
    Abraço

    Prof.Joana

  1. João Paulo Ferreira de Assis disse...:

    Você não ficará privada do direito de se aposentar.
    O afastamento da docência de acordo com o artigo 152 do Estatuto do Magistério, pode acontecer (por enquanto) aos 25 anos de exercício e 45 de idade. No seu caso já é para aposentadoria. No meu, eu tenho ainda de cumprir cinco anos em biblioteca.

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Professora de história, pós - graduada em história geral pela UFMG e em Novas Tecnologias na educação pela UNIMONTES.

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