O sapo de Tarsila do Amaral me remeteu à fábula de Anastasia

Estava estudando sobre a Semana da Arte Moderna, a efervescência de uma época e de uma geração. E o sapo de Tarsila do Amaral aparece do nada para mim, simples como deve ser as coisas, solitário na aridez do Brasil. Tem uma fábula do nordeste sobre o sapo, que tapeou as aves e voou com elas para uma festa no céu. Mas guloso, comeu demais e ficou pesado e, descoberto foi castigado e atirado à terra e depois costurado, pra nunca mais voltar a sonhar com festa no céu .

Tarsila do Amaral ressurge para mim na efervescência de uma greve que mais parece um folhetim de repetecos do ano anterior. No mesmo compasso de espera, o governador aparece no norte de Minas, como este sapo, gordo e solene, com a mesma frieza de sempre, alude que paga o Piso, através do Subsídio

A irracionalidade das pessoas é algo previsível no Brasil, a conivência do Legisltativo e Judiciário também, ver sugestão de Rogério Correia do (bloco sem censura) para os educadores, propondo a razoabilidade das coisas, ou seja, aceitar proposição do governo de aperfeiçoamento do subsídio. Como se isso fosse possível.

O parlamento mineiro de oposição ao governo conseguiu me surpreender com este cognome ridículo: Bloco Minas sem censura( faz-me rir), sem censura e em minoria - o padre , Beatriz ainda são os mesmos e permanecem juntos por por lá, novidade é Rogério Correia .Beatriz Cerqueira, coordenadora do Sind-UTE cria seu próprio blog ( outra novidade ) e tenta desesperadamente salvar a burrice que aceitou no ano passado. Menos mal, estou começando a gostar dela.

O calendário de lutas está lá prontinho e o governador- repeteco- só negocia com o fim da greve, com uma pré proposta: o da enganação.
Beatriz no seu blog apresenta as propostas do governo ( nenhuma, como sempre) e diz que o governo afirmou que não pagará o Piso. E que ela iria levar estas considerações para a categoria. Arrepiei com esta. Será que a história se repetirá? E aceitaremos ir para degola ????

Voltando ao sapo de Trasila do Amaral, ele esteve aqui no norte de Minas: o sapo Anastasia, com sua velha fórmula ou fábula -aguardando o fim da resitência dos guerreiros, , usando mais uma vez dos velhos truques: corte de pagamento, ameaças de substituição, pré-projetos para depois da greve e o mais absurdo, tentando diblar a lei com uma repaginação do subsídio. Este sapo não tem jeito, não vai para o céu.

O historiador Marco Antônio Vila no painel da Globo News, numa excelente perfomance diz textualmente que no Brasil um dos grandes vilões da democracia reside justamente no Judiciário. Pior que é verdade, estão sempre nos atrapalhando, nada fazem para que as leis sejam cumpridas e pior atrapalham, inclusive para que as mesmas não se cumpram, se rendendo favoravelmente ao executivo. Isto em Minas então é de praxe- grifo meu .

Ele diz que o povo brasileiro não compactua com isto (concordo com ele) mas estamos ao longo destes anos acumulando frustações em relação à democracia brasileira. O sistema político não tem dado respostas aos nossos anseios e aos poucos, estamos perdendo a capacidade de reação, tamanha a brutalidade e perdas sofridas pelos trabalhadores ao longo destes anos de "democracia" forjada. Na maioria das vezes, me sinto impotente diante desta conjuntura desfavorável.

Absurdo esta aberração do governador ao afirmar que não negocia o Piso Salarial, contrariando Lei Nacional. Não nos resta absolutamente mais nada, senão a permanência na greve por tempo indeterminado .

Beatriz escreve no seu blog - ela sabe que esta batalha não depende só dela, depende da ação conjunta de todos nós - a sorte está lançada - avancemos sobre ela, assim como o fez, na década de 20, Tarsila, Oswald, Mario de Andrade, Manoel Bandeira, Villa-Lobos, entre outros, que resistiram, foram ridicularizados, vaiados, mas lutaram e finalmente venceram.

As condições conjunturais não mudaram muito de lá para cá, mas nós perderemos nossa capacidade de sonhar?
O grande Manoel Bandeira é vaiado ao ler os Sapos no Teatro Munipal de São Paulo em 1922: segue trecho:

Lá, fugido ao mundo,
Sem glória, sem fé,
No perau profundo
E solitário, é

Que soluças tu,
Transido de frio,
Sapo-cururu
Da beira do rio...








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Professora de história, pós - graduada em história geral pela UFMG e em Novas Tecnologias na educação pela UNIMONTES.

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14:09 29/07/20103