sexta-feira, 30 de julho de 2010 |
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Após mergulhar no paraíso das águas cristalinas da minha linda aldeia, retomo devagar a rotina . Ao meu alcance pilhas de obras primas aguardam exposição. Releituras de obras da Belle Époque, projeto desenvolvido no fim do bimestre que vou cuidadosamente separando: Vicent Van gogh, foi o pintor mais ardentemente desejado e desenhado pelos alunos do 9º ano da centenária escola. E os "girassóis" vão rodopiando no meu campo de visão, "cinérias em vaso" de um azul profundo, próximo as cores de minha aldeia; paisagens alucinantes como "noite estrelada" se desvelam para mim, olhos marcantes e profundos me contemplam: auto retrato do gigante pintor holandês.
Paul Cézanne aparece em segundo lugar no rancking das escolhas dos meninos/meninas: natureza morta. Aos poucos os contornos vão se modificando, o prenúncio da cubismo. Numa mesa, frutas espalhadas /organizadas em um vasilhame e um jarro vão determinado novos contornos para a pintura.
Pablo Picasso foi menos requisitado pelos alunos, eles acharam difícil a sua releitura( engraçado isso). Escolhendo agora as obras para serem expostas nos primeiros dias de aula de agosto vou observando as escolhas das crianças. Contei um pouco da história de cada um deles: Picasso, Cézanne, Monet, Van Gogh, Matisse e de repente ao separar os desenhos para serem expostos me deparo com tantos Van Gogh...Será que a paixão do holandês tomou conta das crianças? Ou foi o jeito de conduzir a história? Caberia aqui uma pesquisa, entrevistas, uma tese, uma análise mais apurada. Mas provavelmente não terei muito tempo para estas divagações: o tempo nos foi roubado, restam muitos dias de reposição e muito pouco tempo para análises. E aí, vou decidindo o que fazer para expor as obras: as paredes da escola não tem murais, as paredes foram pintadas e não podem ser estragadas> Estão toscas, pintadas e vazias, tão vazias como os seus gestores. Outro problema secular das escolas públicas, muitos gestores ficam anestesiados depois de eleitos:de mocinhos passam a villões. Muitas vezes vilões bem grosseiros. Mas também isso pode ser corrigido, depende mais das nossas ações / reações e novas indicações!
Mas já decidi com os alunos antes do início das férias este problemão: Vamos fazer varais bem grandes e pendurar as obras com pregadores( providencie para que fossem pintados com cores vibrantes) E um grande mural de artes irá balançar ao sabor do vento do mês de agosto. Pintores tão polêmicos que não se entregaram, que lutaram e contestaram seu tempo e suas mazelas. Que não se renderam a mediocridade e nem se venderam. Valorosos guerreiros que irão experimentar os ventos violentos de agosto no norte de minas! Em breve, postarei as fotos. Mas enquanto isso, vou desenhando ao lado de meus alunos, com muito capricho, outros olhares sobre a história e os homens.
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Reflexões sobre a Pós-Modernidades
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