quinta-feira, 27 de maio de 2010 |
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“ A greve é o grito dos que não são ouvidos.”
Martin Luther King
Texto escrito pela professora Maria Ivanilde
Texto escrito pela professora Maria Ivanilde
Parafraseando Milton Nascimento, para ser educador “é preciso ter força, é preciso ter raça, é preciso ter gana, sempre...” Assim somos nós,educadores, que entramos unidos nessa greve e numa conjugação de esforços, demos uma aula de cidadania, coragem e obstinação à sociedade. Escrevemos mais um capítulo dessa história de luta pelos nossos direitos, enfrentando e denunciando todas as mazelas do estado; sempre de cabeça erguida diante do grande aparato do governo.
Saímos vitoriosos ou derrotados? Primeiro, é necessário entender que houve apenas uma suspensão da greve para que o governo, juntamente com uma comissão da qual o sindicato participará, tenha o prazo de vinte dias para a realização de estudo que viabilizará a modificação dos vencimentos básicos e a alteração do padrão remuneratório da carreira da educação de todos os servidores públicos da educação de Minas Gerais de modo a buscar o piso salarial nacional. Este documento será protocolado na Assembléia Legislativa em até cinco dias após o término dos trabalhos da comissão.
Todos nós imbuídos do resgate à dignidade, ao respeito o qual merecemos, não iremos recuar se for mais uma estratégia infeliz do governo para nos fazer calar. Tendo em vista que acontecerá uma nova assembléia estadual assim que a comissão concluir o que foi proposto. Estaremos alerta e continuaremos na luta porque apesar de só alguns lutarem, todos já saíram vitoriosos.
Vitoriosos por não cedermos diante de tantas retaliações feitas por este governo demagogo e insensível, dando aos nossos alunos a credibilidade de que como formadores de opiniões, não podemos nos alienar e aceitar essa ditadura imposta em Minas. E sim, fazer através da greve, uma discussão política pacífica permeada de justiça e esclarecimentos úteis a todos que muitas vezes são manipulados por uma mídia que é “ a voz dos poderosos” e não a voz do povo.
Vitoriosos sim, quando mesmo estando em greve, o governo sentou para negociar. Fato este que foi propagado de uma forma oposta “Não negocio com grevistas”, vitoriosos pela força e firmeza da diretora do sindicato Beatriz Cerqueira, que obteve durante todo o processo uma postura de coragem e não se rendeu diante das arbitrariedades das multas cobradas pela greve “ilegal”.
Ilegal é um desembargador que ganha mais de vinte mil reais mensais achar que o salário do professor ( alguns menos que o salário mínimo), congelado a mais de oito anos, seja aceito, sem indignação. “A greve é o grito dos que não são ouvidos”, nunca tivemos outras armas. A educação e a saúde são os principais discursos de candidatos. Na prática são os aspectos sociais mais desvalorizados, principalmente no tocante ao ser humano que salva vidas ou que educa e forma os cidadãos.
Somos vitoriosos, quando colocamos em uma “vitrine” todos os deputados da Assembléia Legislativa que votaram contra os trabalhadores da Educação e mostramos para a sociedade, incluindo entre estes, vários políticos do Norte de Minas, cidadãos de Montes Claros.
Vitoriosos porque vários educadores chegando ao seu limite máximo de tolerância, assim como eu, estão usando a Internet para denunciar, encorajar, informar, desmentir a publicidade enganosa que o governo de Minas faz sobre a educação, saúde e outros aspectos sociais. Para ele e seus capachos “Minas Avança”... Subestima a inteligência de educadores e cidadãos politizados, colocando uma mordaça nas redes de televisão que são compradas ou manipuladas. Já viram alguma propaganda que fale mal do governo Aécio/ Anastásia? Claro que não! Pelo contrário, dinheiro não lhe falta para empregar em anúncios maravilhosos, que só mostram uma face do seu “desgoverno”. O ser humano não existe, Minas não tem recursos para pagar bem os profissionais da educação. Todavia, investiu bilhões na construção da “Aeciolândia” (cidade administrativa), uma obra faraônica. A educação? Ninguém está nas escolas para ver a realidade, a falta de recursos, o desdobramento dos professores em duas, três escolas para conseguir sobreviverem. Mas a obra faraônica todos veem, os outros estados elogiam, quem não tem o mínimo de informação, aplaude. Minas não tem dinheiro, mas é o 2º maior estado em arrecadação. Estados com arrecadação bem menor como o Acre e o Espírito Santo, pagam o piso nacional estabelecido, ou até mais. Fazem milagre? Não.O governo tem sensibilidade e valoriza a educação.
Já ouviram falar no “CHOQUE DE GESTÃO”? Que choque é esse que oprime e tortura psicologicamente todos os profissionais de educação? Esse tão anunciado choque de gestão pode ter favorecido aos interesses políticos do governo, porque para a classe que mais trabalha e tem vital importância na sociedade, foi um choque sim, de indiferença e insensibilidade. Daí a nossa busca, pois só QUEM LUTA, EDUCA.
O grande escritor Oliver Wendell Holmes disse: ‘O mais importante na vida não é a situação em que estamos, mas a direção para a qual nos movemos”. Ainda que a vitória do piso não seja este ano, já acendemos uma grande chama para 2011, qualquer governo que assumir ( CREIO PIAMENTE QUE NÃO SEJA ANASTAZIA), já conhece claramente a nossa história , os nossos objetivos e o devido valor que exigimos.
Retornamos de cabeça erguida, pois o bom mesmo é ir à luta com determinação, viver com ousadia, pois o triunfo pertence a quem mais se atreve. Pena que muitos não se atrevem. Juntos, a nossa luta seria menos árdua e teríamos uma resposta mais imediata. Para o governo o que importa são números. Uma união em massa, aliados à força sindical alavancaria uma grande vitória, agora. Porém se faz necessário pedir a Deus “ serenidade para aceitar o que não podemos mudar, coragem para mudar o que podemos e discernimento para separar as duas coisas.”
Derrotados, jamais! Conseguimos “driblar” até o que mais nos amedrontava, o corte do pagamento. O governo foi esperto, pois a maioria dos professores em greve não iria repor, caso o salário não fosse pago. E quem perderia com isso, seriam os alunos. E cabe a cada um de nós, aliás é nosso dever, discutir política na sala de aula ( política, não partidarismo), pois a política tem como fundamento assegurar os nossos direitos e deveres. Politizá-los para que sejam críticos, ativos e participativos. E mais, que entendam a nossa luta e informem aos pais. Não vamos educar “analfabetos políticos”, não vamos fazer o jogo do governo. Ensinar para eles que “a vida sem causa é uma vida sem efeito , que ter problemas é inevitável, mas ser derrotados por eles é opcional.”
Ivanilde
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texto sobre a greve de 2010
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