A BELLE ÉPOQUE

A Belle Époque

Costuma-se definir Belle Époque (bela época em francês) como um período de pouco mais de trinta anos que, iniciando-se por volta de 1880, prolonga-se até a Primeira Guerra Mundial em 1914. A expressão designa também o clima de euforia, otimismo e certeza de estabilidade e paz duradouras geradas principalmente pela revolução industrial em curso (novas invenções) que tornavam a vida de todos “aparentemente” mais fáceis.

A cidade de Paris torna-se o centro irradiador de tendências inovadoras na arte, as chamadas vanguardas (do francês avant-. garde, o que vem na frente). As vanguardas pretendiam antecipar a arte do futuro, lutar por transformações e promover atitudes que rompessem com as tradições do passado.
Contudo, apesar do otimismo reinante, os artistas demonstram poder de predizer os acontecimentos que abalariam a humanidade em todo o século XX ( a saber, a Primeira e a Segunda Guerra Mundial) e suas obras são provas históricas disto. Artistas como os expressionistas, cubistas e abstracionistas expressam sua revolta contra a artificialidade da vida no ocidente e mostram o horror e o sofrimento de grupos e indivíduos
Para efeito de estudo, destaco alguns deles, que conseguiram ler o seu tempo e de forma genial predizer o futuro:
Van Gogh, obra: os comedores de batatas (1885) – Nesse quadro vemos a consciência do conteúdo social tratado e a preocupação do artista em ser fiel à simplicidade dessas pessoas, não apenas mostrando a pouca comida, mas também a escassez de recursos, tanto na casa como nas roupas simples. Com isso, o artista expressa seus sentimentos pelos pobres e desprivilegiados trabalhadores das minas e dos campos e nos faz pensar num modo de vida nada condizente com a chamada “Belle Époque”. Em uma carta ao irmão Théo, o artista comenta sobre a motivação para a criação de "Os comedores de batatas": "Apliquei-me conscientemente em dar a idéia de que estas pessoas que, sob o candeeiro, comem suas batatas com as mãos, que levam ao prato, também lavraram a terra, e meu quadro exalta, portanto, o trabalho manual e o alimento que eles próprios ganharam tão honestamente".
Edvard Munch, obra: o grito (1893) - Essa imagem, talvez a mais impressionante do expressionismo, onde a figura que grita, não sabemos se homem ou mulher (portanto, andrógina) transmite todo seu desespero e angústia. A imagem contorcida num fundo também distorcido, com cores quentes no céu, amplia ainda mais a dramaticidade do quadro. A ponte intacta, assim como seus amigos, indiferentes ao seu sofrimento. Mas uma vez temos um quadro premonitório de desesperança, solidão e isolamento, sentimentos típicos da pós-modernidade. “Segundo o próprio pintor:” Passeava com dois amigos ao pôr-do-sol – o céu ficou de súbito vermelho-sangue – eu parei, exausto, e inclinei-me sobre a mureta– havia sangue e línguas de fogo sobre o azul escuro do fjord e sobre a cidade – os meus amigos continuaram, mas eu fiquei ali a tremer de ansiedade – e senti o grito infinito da Natureza.”
Pablo Picasso, obra: Lês Demoiselles d’Avignon (1907) - Em meados de 1907 e 1908, surge um novo estilo que revelava ainda mais claramente, até que ponto o homem do ocidente havia sido afetado pela mecanização da vida. Nascia o cubismo. Picasso e Braque, decompunham o objeto em planos simples, retos e curvos, que se emaranhavam sem qualquer compromisso ou com a forma real do objeto. Era um retrato dos homens do século XX, cortados em pedaços, estanques , reduzidos pela indústria a um amontoado de peças destituídas de existência própria e que mal se encaixavam.
Paul Klee, obra: Ângelus Novus (1920) – Representa um anjo assustado, de olhos arregalados, boca aberta e asinhas estendidas, diante de um vento devastador, essa é uma obra posterior à Primeira Guerra Mundial. O anjo da História, provavelmente teria esse aspecto: assombro, medo, impotência diante da tempestade de acontecimentos que chamamos progresso, técnica, capitalismo.
Por fim, destaco o pintor Piet Mondrian com o tema árvores: árvore vermelha, árvore cinza, árvore florida, árvore horizontal, variações de um mesmo tema, construções composta por fragmentação. “O tema dos mais simbólicos, manifesta o movimento evolutivo da vida nas quatro estações do ano, Segundo o próprio Mondrian:” cada coisa, seja uma casa, seja uma árvore ou uma paisagem, possui uma essência que está por trás de sua aparência. E as coisas, em sua essência, estão em harmonia no universo. O papel do artista, para ele, seria revelar essa essência oculta e essa harmonia universal”.
Para ilustrar esse trabalho, escolhi fazer um slide com a variação das estações do ano, vistas através das telas de Mondrian, grande pintor holandês que viveu entre 1872 - 1944, suas obras representam o que há de melhor no abstracionismo geométrico.
O que vale observar, é que em todos estes movimentos artísticos, o objetivo dos artistas era um só, quebrar com o tradicional e inovar. Linguagem inovadora da arte que mostrava não só o que acontecia, mas também como aconteceria. Esses artistas foram verdadeiros gênios da comunicação e da arte.
( Marly Gribel)

Atividade

Caro aluno, após a leitura do texto e estudo em sala de várias obras e artistas da Belle èpoque, escolha um para pesquisar e escreva sobre ele no blog