O julgamento do Mensalão e a banalização da imagem dos Ministros.

" A temperança e o trabalho são os dois melhores médicos dos homens. O trabalho aguça-lhe o apetite, e a temperança lhe impede fazer dele uso excessivo." 
ROSSEAU


Tenho acompanhado o "JULGAMENTO DO MENSALÃO", vulgarmente apelidado pela mídia miúda do Brasil. Mas o espetáculo que isto tem se transformado adquiriu formas e cores aberrantes, quase do tamanho das novelas da GLOBO. Ora com ares de pompa, ora com ausência completa dela.

O Ministro Joaquim Barbosa, astro principal, utiliza de uma retórica muito próxima do populace, transformando o espetáculo em situações grosseiras e atípicas, dignas de nota.

Ontem(24/10) foi especialmente marcante, com os achaques do referido ministro, que sem qualquer compostura agride seus colegas de toga, ministros que tal como ele, estão ali para representar o Judiciário brasileiro.

O nível de argumentação chegou a um nível tão raso, que o ministro Joaquim Barbosa acusou o ministro revisor Lewandowski de advogado de defesa dos réus, numa mistura de ironia, falta de respeito aos seus pares e a nós, cidadãos comuns que assistem o espetáculo de togas. O ministro relator, Joaquim Barbosa, perdeu a classe, perdeu o rumo, o senso de temperança e, portanto, o espírito das Leis.

O debate entre os dois se deu em função da fixação das penas para Marcos Valério. Lewandowski criticou o critério adotado pelo relator para estabelecer a pena, afirmando que  o critério adotado pelo relator poderia levar a uma pena estratosférica. Barbosa bombardeia. "Vossa excelência advoga para eles"? Lewandowski  rebate "Vossa excelência faz parte da promotoria"?
"A minha lógica não é de vossa excelência" rebateu o relator em TOM ALTO. Lewandowski, então disse: " A minha lógica é a da Constituição". Depois Barbosa afirmou: "Ele está plantando nesse momento o que quer colher daqui a pouco".( Assisti estupefata  estes debates)

As condenações e pena contra Marcos Valério já ultrapassam 40 anos de prisão e pela Constituição não podem ultrapassar 30. Do jeito que vai o caminhar da carruagem dos debates no judiciário, logo logo, vamos ter prisão pérpetua e pena de morte.

Data vênia, com todo respeito, Joaquim Barbosa precisa de um médico para exercitar a temperança: robusta demais suas palavras e suas penas. Segue recomendação dos grande filósofo Rosseau: "Todas as paixões são boas quando somos senhores delas, e todas são más quando se assenhoreiam de nós".

1 comentários:

  1. Ricardo Gonçalves Brasilia DF disse...:

    O ardiloso flerte da Folha e Joaquim Barbosa
    Publicado em 7 outubro 2012

    A Folha faz, de maneira mais “sofisticada”, o que a Veja e a Época fizeram com Joaquim Barbosa neste final de semana, isto é, o transforma em herói, mesmo chamando-o de anti-herói. Folha é perspicaz. Em seu artigo, mostra Barbosa como eleitor de Lula e Dilma, jurista devotado, imparcial, coerente na sua atuação no STF, de origem pobre, sério, tentando desmontar as críticas de que o que está ocorrendo no STF é um julgamento “político”, de “exceção”. Afinal, não se trata de um magistrado identificado com a Direita que está condenando, mas um eleitor do Lula. Enfim, Mônica Bergamo, de forma sutil, ratifica a imagem de herói do Brasil. Ardiloso, muito ardiloso, o texto do jornalão. Entretanto, joga para baixo do tapete todas as incongruências e contradições do honorável ministro para reforçar uma imagem positiva. Entre os “calcanhares de Aquiles” escamoteados de Joaquim Barbosa estão:

    1 – Como relator do “mensalão do PSDB”, Barbosa não demonstrou o mesmo empenho ou pressa para que o este fosse julgado, embora ele tenha ocorrido antes do suposto “mensalão do PT” e com sério risco de prescrever. Como homem que defende o “bem público”, como ele mesmo disse, isso não é preocupante?

    2 – Como representante do STF no Ministério Público, durante as investigações do “mensalão do PT”, Barbosa não parece ter se incomodado com o fato de que os indícios que apontavam para o envolvimento de grandes empresários terem sido claramente deixados de lado.

    3 – Barbosa critica a própria mídia, mas está lá, no dia da eleição, posando para foto e narrando sua trajetória de vida. Diz que não comentará a AP470, mas sabe que aquela reportagem servirá para legitimar sua atuação nesse julgamento. Apesar de negar, todos sabem que a reportagem é sim sobre o julgamento de “mensalão” em curso. Barbosa critica a mídia, mas fala para ela durante as sessões. Por vezes, sua retórica parece ser moldada exatamente para o sensacionalismo midiático feito sobre o caso. Comentários irônicos – e mesmo depreciativos do PT – aparecem intercalados com a leitura de seus votos. Sua “performance midiática” tem corroborado sim na construção de sua imagem de “herói” e ajudado muito a Direita.

    4 – Barbosa, que na reportagem se mostra de forma tão “neutra” (julga e relata casos tanto de petistas quando tucanos), não se opôs à realização do julgamento (feito às pressas) na véspera do período eleitoral (com a análise do núcleo político do PT “coincidindo”, com a mesma precisão de um relógio suíço, na semana de eleição). Afinal, para um defensor da “coisa pública”, “independência dos poderes” e isenção do judiciário, não seria mais adequado que o julgamento ocorresse em outra época, menos turbulenta e cheia de apropriações oportunistas por parte da mídia e da oposição?

    Ninguém duvida dos méritos da trajetória pessoal de Joaquim Barbosa, mas não dá para acreditar que ele está fora de todo o jogo político-partidário que se armou em torno do julgamento do “mensalão”.

    Ana Flávia C. Ramos

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Professora de história, pós - graduada em história geral pela UFMG e em Novas Tecnologias na educação pela UNIMONTES.

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