De volta ao pesadelo- A escola pública de MG



O prof. Dr. José Luiz Quadros, no artigo “Greve dos professores em Minas Gerais”, ao defender com veemência a justeza da greve e das reivindicações dos educadores, alerta que o governo de Minas, ao contratar professores para substituir os que estão em greve, está intimidando e criando um dilema moral para o povo mineiro. Diz ele: “Como professores poderão aceitar participar de um processo de escolha para substituir colegas que se encontram em greve? Esta perspectiva de falta de compromisso com a categoria, falta de solidariedade com o colega, de priorizar um projeto egoísta de se dar bem (bem?) com o desemprego do outro é lamentável. Lamentável mesmo que o estado cause este constrangimento e mais lamentável quem aceita esta proposta. Como este professor fará quando daqui alguns anos ele não conseguir viver dignamente com o salário de fome que recebe. Ele fará greve? Ora, não vai adiantar nada uma vez que não terá força moral para esperar solidariedade das outras pessoas.”
A postura de intransigência do Governo do Estado revela a total ausência de ética imprescindível ao cargo e à tarefa que assumiu. A decisão por convocar novos professores para assumirem a cadeira dos que estão em greve acentua a dimensão antiética deste governo. A atual greve dos professores reivindica dignidade para toda a classe trabalhadora de professores. Os que estão contratados e os que ainda não. Trata-se de uma luta mais ampla. Por uma educação pública de qualidade que passa necessariamente pela valorização dos/as professores/as.




Enquanto passo por tudo isso, aguardo negociações! Que aberração!!!



Enquanto a comissão negocia os termos finais da greve, e entre eles a garantia do pagamento do Piso, dos dias parados,  retornamos às escolas. E que horrível surpresa! Lá se encontram não só aqueles que boicotaram a greve mas também os professores biônicos, e em grande quantidade , a passear pelos corredores da escola, a ocupar os parcos espaços da salas utilizadas por nós, como se nada tivesse ocorrido no Estado de Minas Gerais. Zumbis literalmente a serviço do capital ( e diga-se de passagem, capital pequeno- porcaria). Zumbis, a vaguear qual almas penadas, sem nada para fazer.  A Casa dos mortos agora tem novos moradores: os professores zumbis, criados por Antonio Anastasia.

 Minha sensação foi de fobia, asfixia, estrangulamento. Quanta aberração ...

 As crianças me receberam com tamanha alegria( única presença de vida neste habitat horrível) na parte da tarde, que compensou a acirrada discussão que travei com alguns alunos de um dos terceiros anos do ensino Médio do turno da manhã, que não só me hostilizou, mas a todos os grevistas da escola. A propaganda intensa do governador conseguiu anestesiar uma pequena parcela da comunidade( felizmente pequena). Minha perspectiva enquanto professora de história é exatamente trabalhar as questões sociais, as desigualdades e de repente estava lá a enfrentar a resistência daqueles que penso que educo politicamente todos os dias. Falei disso com eles e quando cheguei em casa, desabei literalmente: tive que ligar para todos os que amo, para consolar minha decepção e dor.

Minha vontade pessoal é fugir de Minas, buscar refúgio em coisas mais belas, suaves. Porque sou como um rio, um jardim: gosto de liberdade, de beleza, de  brincar com a alegria, com o sorriso, a festa, a fantasia. Neste momento sou um norte sem rumo, aguardando anistia, aguardando um calendário de reposição, uma proposta definitiva que  a minha carreira e dos meus irmãos educadores estejam de fato salvas.

No final da última assembléia, apesar de fechada as inscrições fui à mesa solicitar para falar e após aprovação ponderei com os companheiros que a nossa luta ainda não terminou, que demos uma trégua, porque a miserabilidade destas instituições brasileiras não nos deixa dúvida: a luta no Brasil é pra mais de 100 anos...


 Minas Gerais /
- atual estado de alguns eleitos para tal empresa
porquanto estado no Brasil ainda significa feudo
na prática práxis axial do vocábulo
ou não o que diz o vocábulo
mas o que manda dizer
o dono da voz e vez
porque aqui ainda funciona o moinho medievo
É genético
não tem muda
está no vegetal do homem
entranhado no sistema nervoso vegetativo
- tudo transitando transido de medo
entre a casa Grande e a Senzala
que este é o Brasil social perene
lido e escrito em genes
( está no genoma ) excerto do texto do OTTO : 
http://ottocgribel-baudelaire-antilhas-byron.blogspot.com/


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Professora de história, pós - graduada em história geral pela UFMG e em Novas Tecnologias na educação pela UNIMONTES.

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14:09 29/07/20103