Greve em Minas Gerais


Os Professores da rede estadual de ensino de Minas Gerais decidiram manter a greve iniciada em oito de abril, pois o Estado ainda não implementou o piso salarial nacional. Uma nova assembléia está marcada para o dia (18). O Tribunal de Justiça considerou a greve ilegal Segundo o tribunal, a interrupção do serviço público de educação vai contra a garantia constitucional do ensino público regular e coloca em risco a qualidade. Vai depender do que o tribunal entende por qualidade? Com certeza, quem considerou a greve ilegal nunca visitou uma escola pública e nem teve filhos ou parentes estudando nestas instituições. Mas os mineiros, ou seja, a grande maioria pobre e injustiçada que nelas estudam, sabem e conhecem a dura realidade da maioria dessas escolas: mal conservadas, sem material adequado, superlotadas, enfim, deploráveis: e pior, seus professores tristes, empobrecidos, humilhados. Nesse momento histórico específico em que fomos alijados de manifestar (fazer greve) fomos impelidos a utilizar um princípio muito antigo: o da resistência e não obediência civil: este princípio foi usado por grandes mestres: Jesus, Ghandi. Jesus quando desrespeitou o jejum do sábado e Ghandi quando usou o princípio da ahinsa ou não violência, desobedecendo claramente às leis injustas imputadas por seus dominadores – os ingleses. Ambos venceram. O primeiro porque era Deus e o segundo porque certamente teve orientação de Deus. Nós também, senhores desembargadores, Senhor Governador Anastasia: VENCEREMOS, não pela força da lei, da coação, da violência, mas pela força da nossa resistência. Vocês estão cerceando nosso direito de greve e nós estamos desobedecendo. Saibam que não é fácil fazê-lo porque temos a mídia contra nós. Saibam também, que conseguiram arruinar nosso final de semana, nosso mês inteiro, porque psicologicamente estamos arruinados aguardando mais uma Assembléia. Um quadro muito famoso pode ilustrar nosso sentimento; O grito, de Munch, esse quadro transmite muito desespero e angústia e é impossível ficar indiferente diante dele. “Segundo o próprio pintor:” Passeava com dois amigos ao pôr-do-sol – o céu ficou de súbito vermelho-sangue - eu parei, exausto, e inclinei-me sobre a mureta–havia sangue e línguas de fogo sobre o azul escuro do fjord e sobre a cidade – os meus amigos continuaram, mas eu fiquei ali a tremer de ansiedade – e senti o grito infinito da Natureza. ”È assim que estamos nos sentindo; despatriados , desterritorializados, como párias. E ninguém, nem a imprensa, nem os intelectuais, nem os artistas, nem os políticos vieram em nosso socorro. Mas a nossa grande agonia é a agonia do povo ( pobres, abandonados, descriminados pela lei e agora postos definitivamente à margem... nós os educadores de Minas Gerais.

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Professora de história, pós - graduada em história geral pela UFMG e em Novas Tecnologias na educação pela UNIMONTES.

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14:09 29/07/20103